Eu quero falar hoje sobre a fraqueza do evangelho.
A fraqueza do evangelho no ponto de vista daquelas pessoas que olham para o evangelho como um evangelho fraco, em momentos em que ele deveria ser forte.
E para isso eu quero basear essa conversa na vida de Pedro. Ali naquele momento onde Cristo estava sendo martirizado.
Você lembra muito bem desse evento. Pedro via Cristo sendo açoitado, e com dores profundas, e essas dores não só em Cristo, mas também em seu coração.
Dilacerava o próprio corpo de Pedro ao ver o chicote descendo sobre as costas de Cristo e retornando com pedaços de carne. Cada chicotada produzia no carrasco um sadismo sobre-humano.
Uma coisa horrenda. Essa visão para Pedro foi extremamente decepcionante.
Aquilo não se encaixava na visão dele, não se encaixava no mundo dele, não se encaixava no imaginário de um Messias prometido. Pedro havia conhecido um outro homem.
Ele havia conhecido um messias que quando falava com as pessoas, elas o ouviam, entendiam seu discurso e suas palavras caíam em seus corações.
Ele conhecera um Cristo que ao passar as pessoas se sensibilizavam. E quando as multidões chegavam até ele, algumas doentes, eram instantaneamente curadas.
Com uma palavra, com um toque, com um olhar, os demônios deixavam as pessoas; pessoas ressuscitavam; pessoas se alimentavam da mão dele pela multiplicação dos pães.
E esse era o Cristo que Pedro conhecia.
E agora? Agora ele via o outro lado de um homem que ele não conhecia. Um Cristo fraco, de um Cristo amortecido, de um Cristo sem reação.
E ele não suportava essa visão. Por isso resolve com todas suas forças abandonar esse projeto. E diz a palavra que ele o fez, saiu de perto.
Sabe, meu irmão, minha irmã, algumas vezes nós somos assim também.
Porque nós observamos a igreja, observamos as lideranças corruptas, observamos pessoas que se dizem cristãs, mas cometem coisas não cristãs. As quais são uma decepção para o corpo de Cristo.
Gente com maus testemunhos que afetam toda a igreja. E que afetam especialmente nossa vida, especialmente tua vida.
Vemos aquele ambiente cristão, de repente folheamos a bíblia e comparamos com o aquele contexto e as coisas não batem, elas não fecham, a conta não fecha.
E isso é extremamente decepcionante.
Nos identificamos com a experiência de Pedro. Porque nós olhamos para um evangelho fraco, um evangelho que as pessoas cometem o que cometem e o “evangelho” não faz absolutamente nada, você compreende?
Agora veja, desse mesmo modo, nós também queremos nos retirar.
Pedro fez isso, ele se retirou e estava decidido a desembarcar daquele projeto. No entanto, quando ele adentra no mundo, quando ele adentra no quintal do mundo para conversar com com as pessoas, ou seja, se inserir novamente no mundo, ele sofre outra decepção.
Decepção por quê? Porque a externalidade de Pedro, como ele se vestia, se comportava não parecia com o mundo.
O interno dele havia sido modificado por Cristo.
E as pessoas falavam: “olha, você é um deles”, e ele falava, “não sou”. As vozes diziam “você é um deles”, “não sou”, E assim, três vezes.
E quando as pessoas o questionam dizendo que ele era um representante ou era um daqueles de Cristo, ele evoca de dentro de si todo o imaginário de quando ele estava lá no barco.
De quando era profissional de pesca, onde todas as palavras de baixo calão eram utilizadas. Onde todo o palavreado baixo, torpe era pronunciado. Mas mesmo assim isso não as convence e nem mesmo a ele próprio.
Sabe, nós muitas vezes também queremos sair do nosso arraial. Às vezes pensamos: eu vou sair daqui, não quero mais, eu vou romper fronteira, romper a fronteira espiritual.
E são muitos os que se afastam.
No entanto, aqueles que são genuinamente convertidos, genuinamente cristãos, algo há dentro deles que eles não conseguem retirar. Alguma luz ainda clareia no seu interior.
Eles até vão em ambientes mundanos, em lugares onde eles não deveriam adentrar.
Entram por portas que eles não deveriam entrar, e ao entrar percebem o tamanho, a densidade, e a força que são as trevas.
E ao entrarem nesse submundo novamente querendo se tornar um mundano novamente não conseguem.
Porque a visão deles está ampliada, a visão espiritual ainda está neles. Ainda conseguem ver e discernir coisas espirituais.
Veja, quando queremos sair do contexto cristão não conseguimos nos encaixar mais. E quando olhamos para Deus e olhamos para nós mesmos como se fosse num espelho, percebemos o tamanho da irradiação da nossa própria luz. E não conseguimos mais permanecer nesses ambientes degradados. Semelhante a Pedro, você entende?
Agora, se você saiu desse ambiente, saiu do arraial, seja qual for o motivo, faça como Pedro, olhe para dentro de si, análise, veja a luz que ainda reflete em você, retorne!
O que Pedro fez? Ele saiu dali e diz a palavra que ele foi chorar amargamente, amargamente.
Eu vi uma cena de um filme que eu me recordo na minha adolescência. Observei que a dor de Pedro foi intensa, que ele soluçava de desgosto, que ele soluçava de arrependimento.
E esse é o modo que a gente tem que agir também. Se arrepender, retornar, fazer como o filho pródigo. Mesmo com o pecado tão intenso na vida dele, ele retorna. Se humilha e volta aos braços do pai.
Retorne aos braços do pai, reflita sobre isso, Deus te abençoe!
Pr. Adelino Eichelt